quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Promessas....


A maioria PSD em Óbidos tem as suas características e peculiaridades. Uma delas é não resistir ao discurso eleitoralista e demagógico das promessas, que se renovam a cada quatro anos. E são tantas, e tão escandalosamente incumpridas, que até parece mentira. Facto é que nos vamos esquecendo, e quando vamos reler os textos das brochuras eleitorais, ou mesmo os recortes da imprensa, ficamos surpreendidos com tanta desfaçatez.

Na obra[1] em que colige o seu contributo como autarca, nos últimos 8 anos, o Vereador José Machado, eleito como independente na lista do Partido Socialista, faz uma avaliação da gestão camarária do PSD. Com a educação, delicadeza e elegância que todos conhecem, vai percorrendo os grandes temas do concelho e apontando os sucessos e fracassos desta gestão e sobretudo apontando caminhos para o futuro. Bom era que todos, todos mesmo, autarcas e todos os cidadãos, lessem e integrassem o imenso manancial de conhecimento que ali está. A gestão pública é, por definição, um contínuo, em que todos devem ter a humildade de conhecer o passado e fazer o melhor para o futuro.

O Vereador José Machado dá-nos nota, ao correr do livro, das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças do concelho. E faz uma selecção de temas, acompanhados por uma reportagem fotográfica notável de Carlos Ribeiro, que iluminam o percurso que tem sido percorrido no concelho de Óbidos. Também aqui tropeçamos, a cada momento, com a fatalidade das promessas incumpridas, de que o PSD tem vindo a usar e abusar, sobretudo em anos de eleições. E são tantas: Óbidos Património da Humanidade da UNESCO; a revisão do PDM; o grande empreendimento Plaza Oeste; milhares de empregos no Parque Tecnológico; os Museus das Guerras Peninsulares, das Senhoras Rainhas, do Chocolate, da Agricultura; o projecto Óbidos Gourmet; o Criatório de Ostras; o Fab Lab; o Parque eólico nas Cezaredas; o Grande Auditório; a recuperação do Aqueduto; os parques de estacionamento subterrâneos ; os Parques de Lazer e as piscinas em todas as freguesias; a Escola Pública de Golfe; os 5 milhões de árvores na zona litoral do concelho. Etc., Etc…

Sejamos sérios. Há projectos e planos cuja não concretização pode justificar-se pela crise que vivemos desde 2008, claro que sim. Mas esta técnica de criar um paraíso artificial em Óbidos, com promessas irrealistas, é um tique que se repete. Veja-se agora, a 15 dias das eleições, a sessão pública para anúncio de um protocolo que alegadamente trará 200 novas empresas para o Parque Tecnológico! Ou o projecto das termas das Gaeiras, também convenientemente apresentado neste mesmo dia? Não temos nada contra estes projectos, obviamente, estamos é contra a utilização eleitoralista, as promessas eleitorais que iludem a realidade de um concelho, em que o desemprego mais que duplicou nos últimos anos e o poder de compra, apesar de tudo, é dos mais baixos do Oeste, só tendo atrás de si o Sobral do Monte Agraço e o Bombarral, dois concelhos que não têm, claramente, os recursos de que Óbidos dispõe.

A credibilização da política exige que a verdade seja a única maneira de comunicar com os cidadãos. A demagogia volta-se contra quem dela usa. As pessoas estão cansadas de discursos irrealistas e que não colam com a realidade. Mas, pelos vistos, o PSD de Óbidos, e o seu candidato, Humberto Marques, ainda não perceberam.

De que vale olhar, sequer, para as promessas quando, de antemão, sabemos pela experiência do tempo, que não passam de cortinas de fumo a desfazerem-se após as eleições? Não passam de palavras que o vento leva.
É, pois, fundamental perceber que a dignidade humana está, por ser aí o lugar dela, acima dessas promessas vãs. Depois de Setembro, a prioridade absoluta é devolver os mínimos de dignidade a todos os obidenses. E essa dignidade tem que ser feita com base num fortíssimo espírito de solidariedade social. Trabalhar para que cada um possa ter meios e modos de vida para ter um tecto e nele poder criar e viver com a sua família. Falamos do arrendamento jovem, das habitações sociais e da conversão dos desempregados em pessoas com ferramentas para ter o seu sustento. Não são promessas de 10.000 postos de trabalho, nem de 2.000, nem duzentas empresas. É dar a mão a quem dela precisa.

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