O artigo do insuspeito José Miguel Tavares hoje no Diário de Notícias, e um acontecimento recente naquele que espero sejo o episódio final de uma sanha que me foi movida por gente inábil e pouco qualificada, levam-me a escrever sobre o seguinte.
É lamentável que na política não se saiba distinguir o essencial do acessório, que não se saiba distinguir entre o que é política e vida privada e pessoal.
É mau misturar a política com assuntos pessoais. À política o que é da política. Demorei algum tempo a compreender como é que ferozes adversários políticos, que se degladiavam nos locais próprios, partilhavam depois serenas e animadas conversas, ora no refeitório da Assembleia, ora no Café S. Bento, ou noutro local qualquer. De há anos que a experiência me mostrou que a diferença de ideais e de partido não inibe respeito e até amizades.
É por isso que constato, com pena, e com preocupação, aqueles que, sem a razão, reconduzem a discussão aos míseros argumentos, à questão miúda, certamente incapazes de sustentarem a argumentação política e o valor dos seus actos ou das suas ideias.
Mas vamos ao que interessa. Nos últimos dias acontecem dois momentos dramáticos para o PSD. Para este PSD. Na Madeira, onde Memezes teve de ouvir da boca de Jardim o quanto este gosta de Sócrates, o que foi registado do discurso do Presidente do PSD foi a graçola em torno da licenciatura do primeiro-ministro. Enterrada que estava essa questão, eis que, à falta de melhor, Menezes a recupera, sem gosto, sem rasgo, sem inspiração. Pior, fazendo comparações patéticas com a sua própria licenciatura.
Menezes, que bem sabe o quanto deve ao militante de base, sem licenciatura, sem estudos, dá uma imagem desoladora de si próprio, como se as qualificações académicas fossem a base da confiança junto do eleitorado, como se uma licenciatura no privado ou no público habilitassem de forma diferente, como se medicina valesse mais que engenharia.
Não satisfeitos com a triste figura dos últimos meses, bem expressa nas sondagens, a ideia peregrina dos "ministros-sombra" mostra igualmente a tragédia em que está este PSD. As figuras escolhidas são de uma 2ª divisão-B, de uma qualquer distrital pouco competitiva.
Voltando ao artigo é lá que se fala do sr. Branquinho, um desses "ministros-sombra", que sombra só faz ao PSD e ao seu presidente.
O sr.Branquinho, refugiado "na insinuação cobardolas" própria dos que fazem fretes e dos que não pensam pelas suas cabeças -quis sugerir que José Sócrates andou a pressionar a RTP para fazer um favorzinho a Fernanda Câncio (sua suposta namorada). Sócrates, que ainda há poucos anos era homossexual (lembram-se?, foi no tempo do amigo Santana), agora parece que se transformou num heterossexual furioso, empenhado em arranjar tachos à namorada.
"É este o PSD que temos. E é esta a gente que quer mandar no País. Só duas palavrinhas (muito simples): vade retro".
Luís Carvalho